Hoje é o meu primeiro dia de isolamento voluntário. Trabalho estive em contacto com muita gente por causa do meu trabalho e acho que é o responsável a fazer (mesmo tendo tido todos os cuidados). Felizmente a minha empresa decretou teletrabalho, um bom exemplo para muitas e as próximas semanas vão ser em casa sozinha (pelo mesmo até ter a certeza que não estou infetada)
Claro que pensar que estamos em casa de uma forma mais vinculativa do que uma escolha normal, torna as coisas mais difíceis. Mas também terá as suas oportunidades.
Dormi relativamente bem, o que já de si é uma novidade, talvez pela certeza que vou poder ficar em isolamento. Acordei calma, mas passados poucos minutos uma onda de pânico invadiu-me. Senti-me abalroada de emoções. Não estamos a passar, enquanto raça humana um período fácil, mas é hora de fazermos as escolhas certas e ficar do lado certo da história.
Decidi ir à praia, mas calma, fi-lo de uma forma diferente do meu habitual e responsável.
Meditei, acalmei e vesti-me, o meu quispo preto decidiu isolar-se também em parte incerta.
Era cedo, por isso sabia que não ia estar muita gente. Confirmou-se. Muito pouca gente, caminhavam ou corriam e percebia-se que mantinham distância. Levei o carro até à marginal para evitar cruzar-me com pessoas pelo caminho e caminhei na areia, na praia grande que estava deserta.
A quantidade de plástico e micro plástico na praia também é assustadora. O castelinho mantém-se firme e com a famosa frase fuck the police, continua o símbolo da nossa resistência (stick it to the man :) ).
Nas escadas cruzei-me com um cão muito simpático e a sua dona, trocamos palavras cordiais, eu assegurei que o cão não tinha incomodado (como se isso fosse possível por parte de um canito :)) eu cá em baixo ela lá em cima e, foi engraçado, na hora de passarmos uma pela outra cada uma chegou-se para uma ponta. É isto pessoal.
A certa altura do dia, já mais para o fim da tarde, percebi que ainda não tinha parado de fazer coisas. Quase todas em modo automático, estava a manter-me ocupada só para não ter de pensar muito em tudo, especialmente numa irritação que me ia subindo quando ia percebendo a dualidade de atitudes no meio de tudo isto. Decidi que vou tentar não me irritar mais e aquilo que me irrita ou magoa na atitude de uma parte da população tornar em informação positiva e útil.
Não podemos ceder ao medo e à separação.
Fiquem em segurança e até amanhã.
PS - O quispo preto continua desaparecido...
Saí à rua para pôr o lixo, não vi carros, não ouvi carros, nem na avenida movimentada aqui ao lado. Pensei, que bom. Ouvi o mar, não sabia que conseguia ouvir o mar daqui.
Today is my first day of voluntary isolation. I have had contact with lots of people because of my work and I think it is the responsible thing to do (even though I have followed every safety rule). Fortunately my work place is allowing us to work from home, a good example. The next few weeks are going to be at home alone (at least until I'm sure I'm not infected).
To think that one has to stay at home in a more binding way than just a normal choice, makes things more difficult. But we have to also see the opportunity in it (since there is no other way).
I slept relatively well, which is already a novelty, perhaps for the certainty that I will be able to remain in isolation.
I woke up calmly, but after a few minutes a wave of panic invaded me. I felt overwhelmed with emotions. We are not going through an easy period as a human race, but it is the time to make the right choices and be on the right side of history.
I decided to go to the beach for a walk (calm down people - I did it in a responsible way).
I meditated, calmed myself down and dressed, my black parka decided to also isolate itself in an uncertain part
It was very early, so I knew there wouldn't be many people. And so it was. Very few people walking or running and it was clear that they kept their distance. I took the car to avoid running into people on my way (I usually walk to the beach). I walked on the sand, on the large deserted beach.
The amount of plastic and micro plastic on the beach is also very very scary. The little castle remains firm and with the famous fuck the police, it remains the symbol of our resistance (stick it to the man :)) But in this case, please follow the authorities advices and stay safe.
On the way out on the stairs I came across a very nice dog and its owner, we exchanged friendly words, I assured that the dog had not bothered me (as if it were possible doggo bother me :)) me downstairs the lady upstairs and when we passed by each other we passed as much further apart as possible :) but in a good safe way as people who are conscient.
At a point during the day, towards the end of the afternoon, I realized that I still hadn't stopped doing things automatically keeping myself busy just so I wouldn't have to think much. I was getting really irritated about the duality of attitudes in the middle of this pandemic.
So I decided that I will try not to get angry anymore and what irritates or hurts me in the attitude of a part of the population I will turn it into positive and useful information.
We cannot give in to fear and separation.
Stay safe. See you tomorrow.
PS- Black parka still missing...
I went outside to take the garbage no cars, no noise, not even afar, I could hear the sea. I didn't know I could here it from here.