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O lápis que vê

O lápis que vê

31 de Dezembro, 2019

Pensamento aleatório despregado #45

Ana Isabel Sampaio

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Dei comigo a pensar sobre yoga. E de como está na moda. Como há muitas aulas que se chamam yoga e na verdade são aulas de desporto, que usam uns asanas, mas que não são de todo yoga. Servem para as pessoas se gabarem que fazem yoga e que sabem fazer uns contorcionismos, e mas não é yoga.

Yoga é uma filosofia de 8 estágios. As aulas ou prática devem obedecer a esses estágios. Cada estágio tem estágios e quando vejo cursos de instrutores de dois ou três meses, sem ser preciso um número de anos de prática não sei bem se fico indignada se fico preocupada. Ou um bocadinho dos dois (até porque podem ocorrer lesões sérias).

27 de Dezembro, 2019

A década 20 do século XXI

Ana Isabel Sampaio

Há umas décadas, quando se pensava no século XXI achava-se que teríamos uma civilização avançada, com carros voadores, sem lixo, construída de e por pessoas inteligentes e arrojadas.

Hoje, na década 20 do século XXI temos:

- grupos a achar que a terra é plana;

- crescente intolerância religiosa e racial;

- milhares de pessoas em situação de escravatura;

- conflitos em várias partes do mundo de uma violência extrema;

- analfabetismo funcional alto;

- a mulher de um banqueiro a receber 2000 euros por mês para dar suporte emocional ao marido;

- sedes de grupos humorísticos a serem vandalizadas;

- metade do mundo a passar fome enquanto a outra metade desperdiça o suficiente para alimentar as duas metades;

- programas de televisão que são um desfile de vergonha alheia e missa no canal público;

- EUA citam Wakanda, país ficticio do filme 'Pantera Negra', como parceiro comercial em site do governo (este é só mesmo exemplificativo);

- crescente populismo…

Tenho a certeza que me esqueci de umas quantas coisas, mas já chega. Gosto sempre de partilhar noticias boas, porque há muitas cisas boas a acontecer a todo o momento no mundo e à nossa volta, mas não nos podemos esquecer destes perigos, não podemos fingir que não vemos e deixar passar para não os incomodarmos muito. Deixo aqui o poema de Brecht que adoro e é tão atual… Chama-se Intertexto…

 

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

 

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário

 

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável

 

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

 

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.

 

26 de Dezembro, 2019

Pensamento aleatório despregado #44

Ana Isabel Sampaio

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A mulher de um banqueiro a receber 2000 euros por mês para dar suporte emocional ao marido. é só isto, fica para pensarmos...

Podemos pensar noutras coisas como por exemplo na licença de maternidade  que é de 120 dias (caso queiram a remuneração completa, 150 se quiserem só 80% porque na  verdade, quem precisa de dinheiro depois de nascer um bebé?) e com 120 ou 150 dias de vida a criança nem se lembra bem dos pais, logo não precisa de suporte emocional ou qualquer outro, o infantário trata do assunto.

São só pensamentos...

 

 

26 de Dezembro, 2019

A otimização pessoal ou o extenuante caminho para a exaustão

Ana Isabel Sampaio

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Não vou negar que também me deixei levar pelo boom de autoajuda, espiritualidade (no caso bacoca) e positivismo exagerado. A questão foi: quando se para? Quando deixa de ser saudável? Não é esta uma forma de nos fazermos nós próprios os inimigos e justificar sistemas corrompidos com fragilidades pessoais?

É bem diferente a procura continua de ser melhor, de evolução e construção pessoal desta compulsão por exterminar tudo o que é negativo e sombra. De esmiuçar até ao mais pequeno pensamento tudo o que está errado.

Lia hoje uma passagem de Byung-chul Han que me fez pensar ainda mais sobre este tema, que já me vem confundindo o pensamento desde que me retirei, por assim dizer, da “espiritualidade”. Cataloga-se demais. Rotula-se demais e depois fica-se prisioneiro de ciclos viciados disfarçados de busca. Não estou a dizer que esta não existe, muito pelo contrário, eu sou prova disso, ela existe e tem de existir. Mas há um momento em que as teorias têm de dar lugar a um caminho pessoal sem apegos a formulas.

Esta mercantilização das nossas paixões é exaustiva. Parece que tudo o que amamos tem de ser rentável.

Acho cansativa a constante procura de objetivos (de forma obsessiva), de superar limites, que muitas vezes nem limites são (a não ser da própria mente) e da vontade de ver progresso, então todas as pequenas conquistas, mesmo que parvas (desculpem, mas algumas parecem só necessidade de atenção em redes sociais). A partilha pública constante de frases bonitas que na verdade são só uma constatação do óbvio. Basta passar os olhos pela seção de autoajuda e espiritualidade para ver um desfile de constatação do óbvio.  A partilha viral de vídeos onde são exaltadas boas ações que são comportamentos básicos de ser um ser humano decente, digo isto, porque outro dia enquanto via um desses vídeos virais pensei: Meu Deus, será que estamos tão na lama que estas gentilezas do dia a dia têm de ser exacerbados a este ponto, como se fossem um ato heroico?

“A fórmula mágica da literatura de autoajuda… é a cura. Designa a otimização mental que deverá eliminar terapeuticamente qualquer fraqueza funcional, qualquer bloqueamento mental. A otimização pessoal permanente, que coincide por completo com a otimização do sistema, é destrutiva. Conduz a um colapso mental. A otimização pessoal revela-se como autoexploração total.” Byung-chul Han

Acho que evolução é importante. Acho que conhecimento é importante. Acho que terapias e ajuda é importante. Mas a linha entre isto e a obsessão que se está a criar está a ficar muito ténue.  

Cada vida é diferente. Cada um precisa de um formula própria. Os tempos são diferentes e em cada tempo o coração é diferente. Tive sempre a ideia que a gentiliza pode mudar o mundo, aos poucos, com doçura…

Retiro-me sempre de algo, quando sinto que perdeu a poesia, é a minha medida. Retirei-me deste movimento por isso mesmo. Deixou de ser poesia e passou a ser outra coisa fatigante que ainda nem consigo bem explicar.

 

04 de Dezembro, 2019

Pensamento aleatório despregado #43

Ana Isabel Sampaio

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Faz-me um bocado de confusão todo o furor que às vezes vejo nas redes socais sobre boas ações, que são só coisas normais de ser um ser humano decente. Mas que às vezes são divulgadas (não sei se numa tentiva de publicidade individual, se gabarolice, ou se estas coisas estão mesmo a ficar tão raras que precisam de ser exaltadas). Isto serve para as redes sociais e para o dia a dia (que também não faltam exemplos destes).

isto veio a propósito de uma video viral sobre uns miudos que encontraram um carteira à porta de uma casa e "devolveram" - é o mínimo, qualquer outra opção é ser ladrão de ocasião...

Não gosto de citar a Biblia porque tem sempre uma conecção religiosa e esse nunca é o meu propósito. Cito-a como cito qualquer livro e porque há passagens das quais eu gosto muito, como esta de Mateus:

"Guardai-vos de fazer a vossa caridade e obras de justiça diante dos homens, com o fim de serem vistos por eles; caso contrário, não tereis qualquer recompensa do vosso Pai que está nos céus. Por essa razão, quando deres um donativo, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Com toda a certeza vos afirmo que eles já receberam o seu galardão. Tu, porém, quando deres uma esmola ou ajuda, não deixes tua mão esquerda saber o que faz a direita."

03 de Dezembro, 2019

Palavras de ordem

Ana Isabel Sampaio

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Clichê certo?

Quantas vezes ouvimos e lemos estas palavras?!

Quantas vezes as pomos em prática?

 

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Que mentira quando impomos caixas e rótulos, quando traçamos barreiras invisiveis.

Quando fechamos os olhos e normalizamos.

Quando em silêncio e em desculpas permitimos.

 

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Contradições verdadeiras. País separa.

Cultura e sabedoria unem.

A voz desencadeia.