Há vida antes da morte?
Há vida antes da morte?
E já agora, vamos todos morrer, tinha de vos dar esta novidade.
Não é novidade, eu sei, mas parece.
Leva-se a vida demasiado a sério. Não quero dizer com isto que devemos descurar ou fugir das responsabilidades, ou descartar-nos de ser honestos, de fazer o que é certo, de nos importarmos ou ter planos e objetivos, ou de isto servir de desculpa para fazer coisas menos próprias ou corretas.
Refiro-me a viver de coração.
Já sei o que estão a pensar: Oh Ana Isabel que clichê...
Primeiros os clichês existem por algum motivo e segundo, se é clichê, é só da boca para fora.
Viver de coração não é viver à mercê das vontades e humores alheios, sujeitos a tudo um pouco, inclusivé a crueldades. É ter peito suficiente para dizer isto não é para mim, ou isto é para mim, eu não aceito isto. É ter a capacidade e a coragem de assumir o que se quer. Sem invadir, sem colocar responsabilidade em mais ninguém que não seja em nós próprios.
E se fizermos figuras tristes?
E se nos expressamos e formos rejeitados ou ignorados ou... ou... ou...
Eu tenho uma pergunta para isso...
E quê?
Vamos todos morrer. Vale a pena viver a vida com medo de falar, de expressar, de tentar?
Vamos todos morrer, mas só alguns vão viver de verdade.
De que serve levarmos a vida meio adormecidos? De que serve guardar o melhor para depois? De que serve viver de "e ses"? O tempo vai passar...um mês, um ano, dois anos, cinco anos... e depois sabem o que vai acontecer? Vamos todos morrer. Vai chegar uma altura, mais à frente, em que aquele medo nos vai parecer ridiculo... e se eu tivesse dito, feito, tivesse tido coragem para?... mas aí não vai haver mais tempo e vamos perceber que todos esses medos, preconceitos, ansiedades e todas as minhocas e ideias pré-concebidas que serviram para nos limitar poderiam ter sido momentos de Amor, de alegria, de partilha, cumplicidade, de êxtase... momentos em que nos poderiamos ter sentido verdadeiramente vivos, com sangue a correr nas veias... E não falo daqueles momentos especiais como aquela viagem ou o que seja, falo das escolhas do dia a dia.
A vida faz-se de agoras.
Ok, e se correr mal?
Mas... e se correr bem?
Vamos empatando os dias com horas extra e tarefas sem fim, só para nos mantermos ocupados, porque sim. Vamos empatando pessoas, porque a relação até está a correr. Vamos empantado a vida com desculpas...
Não nos podemos deixar sentir encurralados.
E vai haver um momento que não há mais vida, não sei se vos disse, mas... vamos todos morrer.
O melhor momento é agora.
O momento certo é agora.