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O lápis que vê

O lápis que vê

27 de Junho, 2019

Zona de conforto: ficar ou não?

Ana Isabel Sampaio

O que é afinal, ou o que são zonas de conforto? Já todos vimos ou ouvimos algumas frases mais ou menos motivacionais sobre este assunto.

Já todos lemos que nada cresce lá e todos consideramos isto verdade, mas será assim tão simples?

Tenho pensado sobre isto e sobre como aceitamos uma serie de conceitos como certos, deixamos que eles nos moldem e nem sequer paramos a pensar muito sobre eles. Andamos sempre a correr de um lado para o outro à procura do que temos de fazer, do que temos de atingir, do que temos de ser (ou parecer neste caso)… Não será isto também um sintoma da insatisfação crónica que se está a apoderar de tudo? Parece que o que temos não chega, queremos sempre mais e nem sequer paramos para pensar nos conhecermos realmente. Eu não sei quanto a vocês, mas eu gosto de conforto. E contra mim falo já que a minha vida toda a minha vida fora fora de zonas de conforto, umas vezes pelas razões certas, outras nem tanto… o que é algo cansativo.

Tem de haver um equilíbrio saudável e consciente de conforto e risco. Quando e em quê devemos nos instalar à sombra da bananeira e quando, sim sair da nossa zona de conforto, não porque sim, mas porque vale a pena, pelo que nos mexe a alma e nos acende a chama, o que nos assusta um bocadinho, mas não tentar nos tira a paz.

26 de Junho, 2019

Espelhos - parte II

Ana Isabel Sampaio

Tinha passado muito tempo. Tinha-se desleixado. Tantos anos caíram de repente quando entrou na estrada principal. Aquela sensação de chegar a casa, de calma. A rua comprida, o cheiro a lareira. O silêncio.

Não tinha percebido como tinha acontecido. O tempo tinha passado e as desculpas acumulavam-se e agora, um sentimento de culpa tinha-se apoderado de si. Como se não merecesse essa atenção que recebia. Não achava justo. Tinha sido descuidado e desatento. Tinha-se distraído.

Tudo parecia surreal e as vozes à sua volta pareciam distantes como se tivesse acabado de sofrer uma explosão. Sentia-se assoberbado e ligeiramente maldisposto. Queria que aquele momento acabasse depressa.

25 de Junho, 2019

Perdão, a única saída...

Ana Isabel Sampaio

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Perdoar, não perdoar, será que perdoei, não quero perdoar, aquela pessoa não merece o meu perdão, eu não mereço ser perdoado… Podia continuar por aqui fora.

Perdoar é a única forma de libertação. O perdão é a única saída.

Mas saída de onde?

Para começar dos nossos pensamentos obsessivos. Não será novidade para alguns que estão a ler que, o nosso universo é mental, que a grande percentagem da nossa mente é inconsciente e que guia muito do que vamos fazendo. Basta uma pequena pesquisa para aparecem milhares de páginas sobre o assunto, umas mais sérias que outras (discernimento minha gente, e é preciso muito, especialmente quando nos sentimos assoberbados).

O nosso universo é mental porque tudo acontece na mente, simples e não me vou alargar mais sobre esta questão aqui hoje. Então se tudo acontece na nossa mente, porque o perdão é a saída?

Porque o perdão ressignifica o acontecimento.

O ser humano consegue ficar preso a acontecimento do passado durante toda a vida, esses acontecimentos por sua vez, vão modelando o que vai acontecendo e as decisões que vamos tomando tornando real a cada vez que é relembrado.

O que o perdão faz é dissolver o cenário criado. Um cenário que tem diferentes perspectivas (a forma como eu o vivi não será, de certo a mesma da outra pessoa, podendo mesmo ser contraditória).

Não estou a dizer que é fácil (acreditem que ainda estou em processo com algumas coisas em mim), estou a dizer que acredito que resulta.

Afinal de que serve guardar rancor?

24 de Junho, 2019

O Amor e o seu contrário

Ana Isabel Sampaio

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O Amor traz acima tudo o que é o seu contrário.

Significa isto que quando batemos de frente com ele, tudo parece começar a correr mal. Os dias, as semanas, meses e anos passam e sentimos que tudo nos estás a ser negado.

O Amor desintoxica.

Do êxtase à escuridão.  Tira-nos tudo aquilo que nos impede de amar de verdade, todos os medos, frustrações. O Amor leva-nos à verdade. Leva-nos ao coração de Deus. Da escuridão ao êxtase e de volta a casa… um dia.

O Amor é, independentemente de tudo, Ele é.

23 de Junho, 2019

Espelhos - parte I

Ana Isabel Sampaio

Tinha-se desleixado. Tinha-se desleixado mesmo muito. Nesse dia a sua imagem caíra no seu estomago como um murro. Um frio lancinou gélido pelo seu coração e sentiu vergonha. Sentiu muita vergonha.

Não percebi como tinha acontecido. Nem percebia que tinha acontecido. Encolheu-se e desejou que aquele momento passasse, se acabasse já, seria, ainda assim, tempo demais. Os sons pareciam distantes e a sua cabeça estava enovoada, aqueles sintomas de quem sabe que vai desmaiar a qualquer momento. Só que não ia desmaiar.

Memórias de risos e de um sol quente voltavam angustiantes. Tudo, absolutamente tudo. Tinha caído em si, todo aquele tempo tinha caído em si de repente. Sinta todo o corpo a doer.

...

11 de Junho, 2019

Poder pessoal: pensamentos sobre...

Ana Isabel Sampaio

Qual é a nossa relação com o poder? O que entendemos por poder? E será que vemos isso como bom ou mau?

Acredito que, na generalidade, temos uma relação muito dual e incompreendida com o poder. Por um lado, é algo que desperta interesse e curiosidade, por outro nunca temos bons juízos de quem ocupa cargos de poder. Claro está e como em tudo o que escrevo, a questão é muito mais profunda

Qual é a nossa relação com o nosso poder? E o que é então esse poder?

Temos essa noção distorcia de poder, porque o associamos a algo externo (alguém que está ou ocupa uma posição de poder), mas não sabemos muito bem qual é o nosso poder, se é bom ou mau ter poder e se tivermos o que fazemos com ele.

Poder pessoal nada mais é que Amor próprio em equilíbrio (mais fácil dizer que fazer, certo?), muitas vezes nem sabemos bem quem somos, o que queremos… é saber quem somos e reconhecer o valor que habita dentro de nós. Depois isso acaba por encontrar uma forma de se ir manifestando.

Falo disto, porque é uma questão que me tem tirado algum descanso. É uma questão que me interessa e com a qual tenho tido grandes debates internos e alguns externos também.

O nosso poder pessoal mais vezes é exercido de diferentes formas, mas é o fundo a nossa forma de estar, a forma como reagimos ao que nos vai acontecendo. Às vezes dou comigo a pensar como posso ser tão segura em algumas coisas, com a certeza que até o mundo pode se conquistado e noutras pareço uma criança assustada que perdeu os pais no Senhor de Matosinhos.

O poder, qualquer que seja, não é uma coisa, se soubermos usa-lo com dignidade. Aliás a dignidade e a honra, conceitos de que pouco se fala, são essenciais em tudo.

10 de Junho, 2019

Pensamento aleatório despregado #37

Ana Isabel Sampaio

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Hoje é o dia de vários desfiles de orgulho gay e este mês, pelo que percebi é o mês em que se comemora. Ora dos comentários mais maravilhosos que fui vendo (não vou falar claro, dos abertamente preconceituosos, ignorantes e até violentos) foi os que perguntavam sobre e porque não um mês, desfile de orgulho hétero. Se calhar em vez de discorrer comentários e opiniões era bom que as pessoas se questionassem mais. Vamos lá porque não existe um mês de orgulho hétero ou desfiles, o que seja? Se calhar é porque não há violência contra essa escolha sexual, então, em vez de serem parvos, deviam era estar agradecidos.

Black lives matter, orgulho gay, dia da mulher e outras comemorações deste tipo só existem porque infelizmente os direitos e a segurança dessas pessoas não é igual, é menos, é mais frágil.

Então, nós que falamos do lado dos privilegiados, sim, é um privilégio, até mesmo a questão das mulheres, dentro do mau, não estamos no pior (mas não é propriamente o paraíso, não achem) devíamos agradecer e apoiar, ou pelo menos não atrapalhar dizendo parvoíces.