Já que o artigo E agora, vamos falar de sexo? foi o mais lido de sempre (top de visualizações, interações e não sei que mais 😊), que as publicações sobre relações disparam o número os número de visitantes, aqui vai mais sobre o assunto e, até estamos em contexto, que a feira erótica do Porto foi este fim de semana.
Porque é que o sexo move tanto no mundo? O que nos fascina e nos escapa?
Tudo é energia, está mais do que provado cientificamente (eu bem sei que ainda há quem acredite que o mundo é plano...) . A kundalini ou a energia sexual é a energia da criação. Mas a manipulação dessa energia acontece há muitos séculos (ver nota final) tentando criar a maior separação possível.
A kundalini está alojada na base da nossa espinha dorsal, bem perto do cóccix e, apesar de ser a energia sexual, ela não é necessariamente ativada através do sexo. Aliás, uma pessoa pode ser sexualmente ativa e passar a vida inteira sem que ela seja desperta. Ela é representada em forma de serpente (não é por acaso que a famigerada serpente é a má da fita em muitas das nossas histórias…), porque tem a ver com a forma como ela se desloca no nosso corpo.
Nas mulheres e homens (ver nota final), embora de uma maneira diferente, foi criada uma divisão psicológica, dividindo-se entre personalidades femininas e masculinas (quando todos temos ambas as polaridades, embora uma seja predominante). Esta divisão primária é o principal motivo de mal-entendidos nas relações homem-mulher.
Aa psique das mulheres foi manipulada de uma maneira especial que manteve sua conexão com sua chama gémea intacta, mas o implante suprimiu as conexões sexuais com todos os outros homens. Isso condicionou as mulheres a projetar a sua chama gémea em todos os seus relacionamentos.
A psique masculina foi manipulada de forma especial, que bloqueou a sua conexão à sua chama gémea, mas que permitiu conexões sexuais com todas as outras mulheres. Isso condicionou os homens a serem poliamorais, quando os homens tendem a negar ou reprimir a existência da sua chama gémea e a estarem com muitas mulheres.
Além disso, a energia sexual foi separada da energia do coração o que manteve a máxima separação e conflito.
Por isso, muitas vezes as mulheres têm um grande Amor ou uma grande capacidade de amar para ser mais precisa, mas estão desconectadas da sua sexualidade profunda e viva. Os homens estão mais ligados à sexualidade, mas desligados do seu lado emocional.
Só em raras circunstâncias acontecem situações em que se dá uma entrega total, podem ser uns escassos segundos, (e quando acontece, tende a ser rapidamente reprimida pelos próprios). Isto porque, quando há uma ativação ou despertar da kundalini ou energia sexual acontece um ponto de viragem. É aqui que muita gente se sente confusa. Isto porque, se estamos a despertar uma coisa boa, como é que tudo pode começar a correr tão mal? Muitos dos traumas, bloqueios, padrões negativos são trazidos à superfície para serem curados. Não podemos, por exemplo, dizer que queremos ter a relação com que sempre sonhamos com a pessoa que sempre sonhamos e levar todo o "lixo" que trazemos de relações anteriores e outro que fomos acumulando durante a vida. Embora não pareça, esse período de crise (que pode ser mais ou menos longo, ver artigo A noite negra da alma e outros que podem ajudar) é uma bênção disfarçada. A decisão é sempre nossa. Não há destino escrito, somos nós que o fazemos.
A desmistificação do sexo é fundamental para esta evolução e revolução que se está a espalhar no mundo, a consciencialização desta energia criadora, não só de vida no sentido literal, mas de fazer sentir vivo de viver plenamente, de paixão, de criar no trabalho, nas relações na sociedade…
https://anaisabelsampaioarteterapia.wordpress.com/2018/02/10/e-agora-vamos-falar-de-sexo/
https://anaisabelsampaioarteterapia.wordpress.com/2017/10/25/a-noite-negra-da-alma/
https://anaisabelsampaioarteterapia.wordpress.com/2017/11/20/vergonha-culpa-medo/ Nota: Quero esclarecer que quando falo de mulheres e homens, falo de energia feminina e masculina, não necessariamente em géneros. Todos nós temos as duas polaridades. Apesar da terminologia, estes conceitos não estão ligados a religião, orientações sexuais ou a género. A energia feminina está mais ligada ao lado direito do cérebro e masculina ao lado esquerdo.
"É na união do sagrado feminino e do sagrado masculino, o hiero gamos, sol e lua, yin-yang, a mulher geradora o homem fertilizador, o casamento cósmico, é no balanço destas energias que se encontra o equilíbrio. Este casamento cósmico primeiro deve acontecer dentro de cada um - todo o ser humana possui energia feminina e energia masculina dentro de si- pois mudança verdadeira acontece de dentro para fora.
Cada ser humano é predominantemente associado ou à energia feminina, caso seja mulher ou energia masculina, caso seja homem (embora, não seja uma regra rígida), mas várias tradições e filosofias, e o próprio Carl Jung, que estudou este aspeto profundamente, defende que todo o ser humano possui as duas polaridades e que daí nasce a oportunidade de movimento. A energia feminina é intuitiva, recetiva e criativa. A energia masculina é associada à ação, a comportamentos, a poder. Exemplificando o que isto quer dizer: a ação (energia masculina) seria muito menos eficaz sem a criatividade (energia feminina). Assim, o círculo completa-se.
Algumas correspondências e qualidades das energias |
Energia yin (feminina) | Energia yang (masculina) |
MãeVénusCorpoAlmaOmegaPoçoCáliceUmCirculo | EspiralLuaTerra (planeta)ÁguaElemento TerraHemisfério direito do cérebroQualitativoMultidirecionalCriativo | PaiMarteMenteEspíritoAlfaTorreEspadaMuitosQuadrado | linha | setaSolCéuArElemento FogoHemisfério esquerdo do cérebroQuantitativoLinearProvedor |
Compreender o estado destas energias dentro de cada um ajuda a criar uma vida mais consciente, saudável e feliz. Trabalhando sobre as energias yin abre-se espaço para escutar e compreender o eu, os sintomas e desejos, dissolver resistências, fortalecer a fidelidade ao próprio sentir, curar feridas, para transformar positivamente e reforçar as energias yang, tornando o individuo suficientemente forte para ser conscientemente vulnerável.
É importante o resgate destas essências naturais em cada um de nós. Depois de séculos de uma sociedade patriarcal repressora, que afogou a essência feminina, mas também a essência masculina, embora de formas diferentes, e criou um imenso desequilíbrio na psique individual e coletiva (o que Jung define como inconsciente coletivo).
A mulher e todas as suas características natas foram relegadas para segundo plano, acusadas de impuras, pouco importantes e fracas. Os homens foram forçados a viver como se não tivessem emoções, como se fossem de ferro e básicos nas suas necessidades. A sexualidade passou a ser uma forma de poder e não de Amor e cura.
Nas sociedades matriarcais (que perduraram até cerca de 3000 a.C.) havia florescimento cultural e social e o paradigma vigente de vencedor-vencedor. Estas sociedades tinham uma cosmovisão muito associada à sacralização da vida, aos ciclos naturais, à consciência, ao ciclo da vida-morte-vida e dos seres vivos. A identidade humana estava ligada à totalidade.
A partir de 3300 a.C dá-se gradualmente uma mudança de paradigma. As sociedades começam a tornar-se mais belicosas e hierarquizadas, intolerantes e competitivas. O divino feminino é deturpado e o primado da força física começa a impor-se – o domínio do mais forte nas sociedades cada vez mais patriarcais.
Nos últimos tempos, o sagrado feminino tem reemergido do inconsciente individual e coletivo para onde fora desterrado. Este fenómeno acompanha o processo de mudança de paradigmas, muito difundido pelo movimento New Age. “Os valores femininos da função sentimento, reabilitação da sabedoria intuitiva, cooperação, respeito pela diferença, negociações baseadas no princípio vencedor-vencedor em vez do patriarcal vencedor-vencido, a defesa incondicional da vida são mais que nunca necessários.”
O mundo enfrenta desafios que pedem a integração ou reintegração das energias femininas e o reequilíbrio das energias masculinas. A nível global isto representa ecologia no meio e na cultura, revalidação de novas formas de pensar fruto do equilíbrio entre o hemisfério direito e esquerdo do cérebro.
Gostaria de reforçar que tudo isto se aplica a mulheres e homens, não é religião, não depende orientação sexual, de estilos de vida ou outros, é uma religar ao estado interior, mais harmonioso com a natureza. " (excerto da minha dissertação final da pós-graduação em Arte Terapia, os direitos de autor estão protegidos).