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O lápis que vê

O lápis que vê

25 de Fevereiro, 2018

Estou com remorsos!! E agora??

Ana Isabel Sampaio

Como todas as conversas e interações humanas, há sempre um tópico interessante para explorar. No caso hoje, tem a ver com remorso e um choque 😊 causado quando disse que raramente fico com remorsos.

Eu vou repetir: EU RARAMENTE FICO COM REMORSOS. E quando fico, tento, quando me sinto preparada e o mais rápido possível, tratar da situação.

Parece uma afirmação pedante, mas é muito verdadeira. Claro que não foi sempre assim.

O que é o remorso? Segundo o dicionário da língua portuguesa é: manifestação pungente da afetividade humana que nos censura um ato que não devíamos praticar. (Usa-se mais no plural). Achei interessante, até porque a conversa no caso era mais sobre o remorso do que não se fez (mas em última instância não fazer também é um ato).

Na filosofia yogui há três tipos básicos de culpa: natural, tóxica e existencial. A culpa natural ou remorso acontece por algo que você fez, falhou ao fazer ou não fez. Não se chama natural por acaso. Acontece com alguma frequência no nosso dia a dia. Este remorso só é preocupante quando sentimos que estragamos algo importante, ou perdemos. Sob o ponto de vista terapêutico, o remorso assim é o que se chama um berbicacho (acho que é a primeira vez que escrevo esta palavra).

O remorso já implica uma reflexão sobre o que aconteceu, demonstra consciência e desejo.

Gosto sempre de falar da minha experiência em todos os tópicos que abordo, porque teorias já há muitas e na prática a teoria é sempre outra 😊.  Voltando então ao: eu raramente sinto remorsos....

Porquê?

Porque, mal ou bem, melhor ou pior, com mais ou menos medo, fico de consciência tranquila que fiz tudo o que podia em dada situação.

E quando acho que não tenho nada de útil a acrescentar, não acrescento. Esta é a formula que uso para tudo amizade, Amor, família, trabalho e tudo o resto. Faço sempre bem? Não. Digo sempre as coisas certas? Ai, de certezinha que não 😊. Mas tento sempre fazer o melhor que sei na altura (como acredito que toda a gente faça, mas a verdade é que às vezes o nosso melhor parece uma m**** aos olhos dos outros). Sigo sempre o meu coração, a minha intuição e até os meus instintos.

O facto de fazermos aquilo que achamos que devemos fazer trás serenidade. Atenção, isto não quer, de todo dizer, que não se sinta a tristeza e a dor, isso são coisas à parte que não estão aqui a ser tratadas. Também não quer dizer que não se queira que as coisas sejam diferentes. E muitas vezes quer mesmo dizer um certo desespero... O que faz é não acrescentar uma camada achando que devia ter feito mais e não fiz porque (e aqui podem-se inserir todos os motivos que temos para não ter feito…).

Esta serenidade nada tem a ver com orgulho, porque o orgulho atormenta, porque nos impede de fazer até o que desejamos. Não tem também a ver com medo pelos mesmos motivos. É apenas a serenidade de quem tentou o que podia (sob a sua perspetiva, como em tudo) sentido: ok, fui até onde pude...

Claro que não foi sempre assim, com já disse, basta voltar um ano e meio, mais coisa menos coisa, atrás. Foi um caminho. E por isso se a cada dia vamos tentando fazer melhor…

Existem casos que precisam de acompanhamento outros só daqueles vinte segundos de coragem insana para se dar a volta à situação. Em todo o caso, deve ser tratado e olhado para não causar danos mais profundos com o tempo. Porque nós temos esse poder de nos retratarmos, de consertar, de rezazer... Como diz o Mia Couto "O bom do caminho é haver volta, para ida sem vinda já basta o tempo."

 Imagem: sim, eu sei que é assustador. Mas sabes o que é também assustador? Olhar para trás daqui a 20 anos e sentir remorso por não ter feito as coisas que sonhavas porque sentiste medo do fracasso, das opiniões e da mudança.

18 de Fevereiro, 2018

Pensamento aleatório despregado #5

Ana Isabel Sampaio

Pensamento aleatório despregado.jpg

 

Ao ver o documentário Um dia na Terra, a dada altura dou por mim em estado de ansiedade a dizer corre bebé, para uma iguana bebé, acabadinha de nascer cujo primeiro desafio é correr de uma série de cobras. A iguana safou-se, mas depois pensei que estava a ser tremendamente injusta para as cobras que também precisavam de comer e que, no momento do nascimento das iguanas, tinham a sua oportunidade anual (sim, durante um ano, essa era a sua grande oportunidade).

Encetei numa breve dissertação sobre a abundância da Mãe Natureza e de como, mesmo parecendo injusto aos nossos olhos, tudo tem um grande plano (que muitas vezes nos escapa, porque nos focamos no pouco que conseguimos ver) e como algumas dessas iguanas nascem só para poder alimentar a cadeia. Por sua vez as cobras (coitadas, tão injustiçadas) também têm o seu grande papel neste grande todo.

Bem, vou continuar a ver. Agora estou a torcer por uma zebra que tem de atravessar um rio muito agitado. Este documentário tem mais suspense que um filme do Hitchcock.

11 de Fevereiro, 2018

The wall - podemos falar de educação?

Ana Isabel Sampaio

Quando vi de passagem a noticia do ranking das escolas o meu pensamento foi o que é sempre que este tipo de coisas aparece, foi qualquer coisa deste tipo: lá estão eles a insistir nesta m**** (e eu nem digo asneiras, embora às vezes pense) e continuei o meu caminho a dissertar mentalmente sobre o tema.

Toda a gente sabe da desigualdade com que as escolas publicas concorrem e também toda a gente sabe da tranbiquice que vai em alguns colégios. Não é bem sobre isso que quero falar hoje, mas isto tem sempre de ser reforçado, porque quando fazem estas noticias parece que toda a gente parte daquela linha da meta bem desenhada e justa. Posso dizer, e, como sempre, falo da minha experiência, que já vi alunos em situações sociais e familiares muito difíceis a terem bem melhores resultados que alunos de médias altíssimas, isto porque, para além dos estudos, tiveram de superar uma serie de condicionantes de vida. Por outro lado, também já vi alunos de colégios com elevada pressão sobre as costas, com o coração apertado devido às elevadas e exageradas expectativas sobre si.

A educação sempre foi um dos meus grandes amores e, como acontece com grandes amores, de vez em quando lá nos chateamos e tentamos fugir, procurar distrações… Mas e, como dizia Jonny Ox, quando se tentar fugir ao que está destinado, o Amor ri-se da nossa revolta absolutamente insignificante (e olhem que eu às vezes tento mesmo a a sério 😊), a fuga não durou muito tempo e o destino quando chegou o momento certo lá deu a sua achega e eu disse que sim (é a questão com o destino ele só nos mostra, mas a decisão é sempre nossa). No final de julho de 2016, quando deixei o ensino (não por opção) já estava pelos cabelos (mas ainda assim não foi um período fácil por várias razões), não de ensinar, não das aulas, não de estar com os miúdos (aliás, era a eles que ia buscar forças e motivação), mas por todo o circo que a educação se tem vindo a tornar, um circo de papeis perfeitos e hipocrisia a dar aulas.

Os professores estão cansados, os alunos estão cansados e depois já ninguém tem paciência para ninguém.

O sistema de ensino está ultrapassado, não responde às necessidades atuais e não evoluiu. É um sistema parado no tempo, cansativo aborrecido e antiquado. E não é por se pôr uns computadores com projetores na sala que isto mudo. A forma de avaliação não avalia as qualidades reais dos alunos, é stressante e até desumano. A criatividade não é valorizada, nem a individualidade.

As matérias precisam de ser revistas, a forma de dar as aulas também, a forma de interação também. Há bons exemplos que não são tidos em conta, mesmo cá em Portugal, claro que não são perfeitos, isso não existe, mas porque é que não se está disposto a ter em conta boas práticas comprovadas. Somos comodistas, e no sector da educação isso está bem enraizado. Mas é preciso fazer um esforço, porque é bem pior a mesmice que leva toda a gente a estar farta e desmotivada. Os próprios professores são um pouco culpados disso. Assim que se fala de mudança erguem-se logo um conjunto de vozes que abafa toda a possibilidade de conversação. Quando colegas tentam fazer algo de novo ou um esforço extra por não se deixar levar por este desgaste são olhados de lado.

A escola e a educação formal tem de ser um esforço consertado entre Estado, escolas, professores, pais e alunos (sim, porque eles são quem frequenta a escola e têm uma palavra a dizer, se os adultos ouvissem mais as crianças, muita coisa poderia ser melhor). A forma como funciona só cria um fosso maior entre gerações.

Ninguém é perfeito e nada é perfeito (e ainda bem senão o mundo era uma chatice), mas há muito espaço para melhorar. Essa melhoria não é utopia (até rimei sem querer e quem rima sem querer é amado sem saber😊) é uma questão de toda a gente olhar na mesma direção (ups I did it again 😊 juro que não foi de propósito).

 https://www.youtube.com/watch?v=YR5ApYxkU-U 

10 de Fevereiro, 2018

E agora, vamos falar de sexo!?

Ana Isabel Sampaio

Da série: afinal isto é que é o progresso? 😊  Falando um pouco mais a sério, tenho sérias dúvidas (e fortes certezas 😊) que a carência sexual também não é suprimida, porque uma não é independente da outra. Isto porque se está a falar do sexo do ponto de vista egoico que a nossa sociedade (já que a nossa forma de estar social lhe retirou a sua vertente sagrada, e quando digo sagrada, nada tem a ver com religião como devem imaginar, o kamasutra é um livro sagrado e nada tem de puritano ou preconceituoso).

“Quando esse intercâmbio não é espiritualizado… os dois indivíduos podem sentir prazer físico, mas adquirem também os padrões cármicos um do outro sem o beneficio de um Amor espiritualmente transmutador. Isto pode explicar frequentes crises de identidade sofidas por aqueles que têm relações intimas numa base ocasional; adquirem tantas identidades cármicas, neutralizando, de facto a sua própria, que já não sabem quem são.”*

A sexualidade vai muito além da troca física e é um tema que tem de ser tratado de forma aberta, com respeito e reverência, mas sem tabus. O que muitas vezes me apercebo, porque tenho a sorte de lidar com muitas pessoas, é que é muito fácil dizer uma piada sexual, fazer comentários óbvios e cair em lugares comuns, mas assim que se fala abertamente (quando digo falar abertamente é discutir o tema como deve ser, não falar da vida privada, há coisas que só dizem respeito a nós mesmos e a quem de direito 😊 há coisas sagradas) chamando as coisas pelos nomes começam os risinhos e as reações encabuladas de uma sociedade que está habituada a objetificar o sexo, mas que possivelmente não consegue viver uma sexualidade plena, porque isso implica confiança em si e no parceiro, auto-conhecimento e um reconhecimento de que a gratificação momentânea não é sinonimo de liberdade sexual (e nem sequer de um verdadeiro prazer físico intenso).

Somos seres físicos, mentais, emocionais e espirituais, tudo tem de ser considerado.

 *Elisabeth Clare Prophet - Almas afins e Chamas Gémeas

06 de Fevereiro, 2018

Pensamento aleatório despregado #4

Ana Isabel Sampaio

Pensamento aleatório despregado.jpg

 

Somos diariamente bombardeados com comerciais que objetificam o corpo da mulher, o sexo e as relações, mas censura-se arte. https://www.dn.pt/artes/interior/londres-colonia-e-hamburgo-censuram-um-dos-maiores-da-austria-9096952.html