Há uma ideia generalizada do “lavar as mãos”… Eu olho para o lado porque não é problema meu, porque não é comigo. A questão é que esta ideia é falsa e dá um falso conforto. Olhar para o lado e fingir que não é connosco não é metermo-nos na nossa vida, é compactuar. É dizer de uma forma indireta que permitimos que o preconceito, a violência a agressão a idiotice e a ignorância se propaguem impunemente. Faz lembrar o poema do Bertolt Brecht “Intertexto” ou as palavras de Martin Luther King “ “O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons”. Quando nos rimos de piadas racistas, xenófobas ou sexistas, violentas ou ignorantes, isso também é uma forma encoberta de perpetuar velhas crenças. E quantos comportamentos deste tipo temos diariamente? Sem nos apercebermos? Eu própria, que faço questão de ter atenção e intenção no que digo, faço. Não quer dizer que tenhamos de sair feitos Zorros de espada em punho, mas podemos sim ter uma palavra a dizer, podemos sim chamar a polícia, podemos sim falar com as pessoas que estão à volta e parar a luta, a agressão. Sim, porque se calhar sozinhos, não conseguimos, mas há mais indignados, há mais quem queira terminar e ajudar e não sabe como. Vejam este vídeo relativo à violência de género. É um exemplo, serve para muito. https://www.youtube.com/watch?v=tlb4Pu23kqw